terça-feira, 5 de abril de 2011

Risco de bancarrota de Portugal já é superior ao da Irlanda



O risco de Portugal não pára de subir nos mercados internacionais.
O risco de incumprimento português, medido pelos ‘credit default swaps' (CDS), superou hoje o irlandês, algo que não acontecia desde Agosto do ano passado.

O preço dos CDS (produtos financeiros que seguram o seu titular de um eventual incumprimento do emitente da obrigações) sobre a dívida portuguesa é o que regista a maior subida do mundo, estando a subir 12 pontos base para 590 pontos, segundo os dados da Bloomberg. Quer isto dizer que por cada 10 milhões de euros aplicados em dívida lusitana, os investidores têm de pagar 590 mil euros anuais para se proteger com este seguro.

Em sentido contrário, o custo dos CDS da Irlanda, intervencionada em Dezembro de 2010, desce hoje 15 pontos base para 586 pontos.
Apesar da subida de hoje, o risco de um incumprimento de Portugal continua bastante abaixo do da Grécia. É que o preço dos CDS helénicos está a negociar nos 1.013 pontos base. Tanto a Irlanda como a Grécia estão já a ser intervencionados por Bruxelas e o FMI.

Também os juros de Portugal prosseguem hoje a escalada dos últimos dias, na sequência do chumbo do PEC IV e da demissão de José Sócrates. A ‘yield' dos títulos de dívida a 5 anos superou esta manhã os 10%, um novo recorde, num dia em que a Moody's baixou o ‘rating' português.

Olhando para as obrigações do Tesouro a 10, 3 e 2 anos o cenário é igualmente de máximos históricos, com os investidores a empurrarem Portugal para um pedido de ajuda externa, uma possibilidade rejeitada ontem pelo primeiro-ministro.

É neste clima que amanhã o País volta ao mercado, sem compradores garantidos, pela primeira vez desde que José Sócrates anunciou a sua decisão. O Instituto de Gestão da Tesouraria e do Crédito Público (IGCP) pretende colocar 750 a mil milhões de dívida de curto-prazo, a seis e 12 meses. A avaliar pelos juros a que estas linhas estão hoje a negociar, Portugal deverá pagar cerca de 4,8% a seis meses e pouco mais de 6% pela maturidade a um ano. Será a dívida de curto-prazo mais cara de sempre.
Económico

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