A rubrica mais antiga do blog, Diário Jovem, está de regresso. Mais do que nunca queremos fazer deste um espaço de opinião e debate por excelência, todas as semanas expressaremos a nossa opinião sobre vários temas da sociedade. Mas convidamos também os nossos leitores a entrarem nesta partilha de ideias através do comentário.
A rúbrica Diário Jovem tem novas edições, todas:
Quintas - Feiras - João
Sextas - Feiras - Samuel
Domingos - André
Segundas-Feiras - António
Agora que a rubrica está apresentada começo a minha exposição na matéria que hoje me faz escrever: as infinitas greves nos transportes públicos dos últimos meses.
As infinitas greves
Nos últimos meses as greves nos transportes públicos em Portugal, principalmente na Carris, Metropolitano de Lisboa e CP têm sido constantes. Estas greves geram graves problemas de mobilidade para as pessoas, que em tempos de dificuldade se vêem com preocupações e angústias acrescidas.
É importante perceber que as pessoas que em geral usam os transportes públicos são na grande maioria cidadãos que não tem alternativa de deslocação, e que necessitam de facto do serviço de transporte: são eles os jovens, pessoas com rendimentos escassos, cidadãos que necessitam de deslocar para locais muito condicionados a nível de tráfego particular ou os idosos.
Estas repetidas greves que ao realizarem-se em todos ou quase todos os operadores, como ocorreu no passado dia 15 de Agosto, em que CP, Metropolitano de Lisboa e Carris fizeram greve, deixaram os utentes (que pagam um passe mensal relativamente caro) sem um serviço pelo qual pagaram é gravíssimo, e não é mais admissível!
É imperativo que os funcionários dos transportes públicos parem de prejudicar aqueles que mais deles precisam, os seus utentes. É importante que este sector de actividade comece a perceber que o tempo dos direitos adquiridos e da ignorância de deveres está a terminar. É necessário que impere o bom senso não só por parte dos funcionários que fazem as greves mas principalmente por aqueles que as organizam.
Para ter uma noção do que são as empresas de transporte em Portugal dou-lhe a conhecer a situação financeira das Carris e do Metropolitano de Lisboa, bem como as regalias que os trabalhadores destas empresas têm direito. Penso que estes dados são importantes para perceber a situação que tratamos.
A situação financeiras das empresas
Carris - Passivo de 902,9 milhões de euros (2009)
Metropolitano Lisboa - Passivo de 1.372 milhões de euros (2011)
As regalias dos grevistas
Em Fevereiro deste ano o Diário de Notícias (DN) avançou com uma notícia, em que dava a conhecer algumas das regalias a que os trabalhadores das empresas de transportes têm direito, entre estas destacam-se:
Os trabalhadores da Carris têm direito a 30 dias de férias por ano - mais do que os 25 dias úteis dos trabalhadores em geral.
No caso da CP e da Refer os funcionários, cônjuges, filhos, enteados
e irmãos solteiros têm direito a viagens gratuitas . Na Refer, o custo desta regalia ascende aos 4 milhões de euros por ano.
Já
no Metropolitano de Lisboa, os
funcionários têm direito a 24 dias de férias mas, caso o trabalhador
decida gozar férias fora
do período considerado «normal» - 1 de
junho a 30 de setembro - pode ainda ter direito a mais 3 dias de
descanso. Contas feitas,
podem usufruir também de 30 dias de
férias por ano.
Para concluir...
O exemplo da Carris e
do Metropolitano de Lisboa são dois casos de buracos do estado.
Poderá argumentar-se que de facto cumprem serviço público, e é verdade,
mas até que ponto são eficientes? Os passivos acumulados são
insustentáveis. Se um trabalhador do sector privado soubesse que a sua
empresa estava completamente endividada devido aos direitos adquiridos e
as regalias que tanto gestores como funcionários ao longo dos anos
foram tirando partido, a última coisa que pensaria era em fazer greve. Os trabalhadores destas empresas aproveitam-se do facto de estas serem empresas com grande importância pública e que sempre serão defendidas pelo estado, só assim se justifica este comportamento completamente irresponsável.
É tempo de acabar com esta ditadura dos trabalhadores destas empresas... os utentes têm direito a um serviço regular e de qualidade. Está neste momento a assistir a uma fusão da Carris e Metropolitano de Lisboa que formará a empresa de Transportes de Lisboa, que promete vir a garantir maior eficiência no serviço, assim o espero.
Novas greves nos próximos tempos:
Na CP, a circulação de comboios será muito afetada durante toda a
próxima semana. Na Carris, na Transtejo e na Soflusa também existirão
paralisações na primeira quinzena de outubro.
Samuel