Na rubrica de hoje debruçar-me-ei sobre o problema da atractividade que Portugal oferece à população a fixar-se no território, tendo em conta os problemas económicos e sociais com que nos confrontamos. Numa altura em que o nosso país, a par de muitos da Europa (como Espanha, Itália ou Grécia), oferecem poucas oportunidades à população, a tendência será para a fuga destes activos para países mais competitivos ou em processos de crescimento e desenvolvimento.
Pordata
Dados recentes, fornecidos pelo Pordata, já revelam uma notável quebra na população portuguesa. Os dados que podem ser constatados na imagem em cima não deixam dúvidas. O Crescimento Natural (Nascimentos-Mortalidade) que já vinha a registar à vários anos números negativos, era até há algum tempo compensado por uma evolução positiva no Saldo Migratório (Emigrantes-Imigrantes), algo que deixou de acontecer. Por exemplo: Às 19h do dia de hoje, segundo dados do Pordata, Portugal havia já perdido 114 pessoas (13 por via do crescimento natural negativo e 101 devido aos valores do saldo migratório).
A realidades constatada em cima é de facto preocupante, sabermos que mais de 100 pessoas abandonam o nosso país todos os dias, o que constituí uma realidade dramática. Acrescentando o detalhe de que esta não é uma emigração do tipo dos anos 60, em que Portugal perdeu muita população, mas que era em geral rural e pouco qualificada. Os imigrantes dos nossos tempos são jovens no geral altamente qualificados pelo nosso sistema educativo, que constituiram um investimento durante anos dos contribuintes portugueses, e agora que seriam rentáveis, não o vão ser em Portugal, mas sim noutras económias. Este é um dado económico muito preocupante, e que merece ponderação.
Há quem argumente que a emigração é positiva na medida em que dada a ligação que os cidadãos que saiem do país mantêm com o território, são um fonte de entrada de receitas, as chamadas remessas dos emigrantes, que durantes as últimas décadas constituiram uma fonte importante para a económia portuguesa. Mas uma economia que está dependente da injecção de receitas conseguidas no estrangeiro, é um país sem futuro. O futuro promissor de Portugal tem de ser constituído dentro da economia portuguesa, através de uma aposta clara e séria na modernização da nossa economia, preparando-a para competir com as economias mais modernas a nível mundial, apostando em produtos inovadores e de qualidade. Se este caminho não for seguido, os próximos anos em Portugal serão de perda de atractividade: com a perda de população e de poder económico.
Os portugueses são os melhores activos que o nosso país dispõem. A solução para a nossa situação encontra-se numa estratégia de clara aposta potencialização da nossa economia e dos nossos preciosos activos. Cada dia que passar sem que nada de relevante aconteça no, mais activos perderemos e mais difícil será de solucionar os graves problemas económicos, sociais e de valores com que nos deparamos.
Samuel
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